sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Anel viário, um sonho de décadas

por Barjas Negri

 
A luta dos piracicabanos pela construção de um novo anel viário tem pelo menos 40 anos. Já foram feitos vários traçados pelos mais diversos governos estaduais e municipais. Porém, a administração pública não conseguiu tirar qualquer projeto relevante do papel. O atual anel viário, o que era possível ser construído na ocasião, desempenhou importante função no escoamento e recepção da produção. No entanto, com o desenvolvimento da economia do interior paulista e de Piracicaba, ele começou a apresentar limitações, deixando de cumprir seus principais objetivos.
Em quatro décadas o tráfego em Piracicaba só piorou. A cidade cresceu muito, passando de 152.505 habitantes, em 1970, para 367.289, em 2011, segundo o IBGE. A frota de veículos também teve um crescimento excepcional. De 1997, quando começam os registros oficiais do Instituto de Pesquisa e Planejamento, até 2011 o salto foi de 119.969 para 226.632, incluindo motos, carros, ônibus e caminhões. Enquanto a malha viária, sem grande expansão, ficou sem a menor condição de suportar tamanho impacto.
A população estava um tanto quanto desanimada a ponto de não depositar mais expectativa de que algo de novo pudesse acontecer para reverter o drama. Assim, optamos por uma solução arrojada: a construção de um novo e moderno anel viário, com pistas duplas, sinalização e manutenção adequadas. Na verdade, o traçado proposto é uma extensão da Rodovia do Açúcar, que está sendo duplicada no mesmo período.
A consequência da falta de um anel viário é a sobrecarga da malha urbana, o que resulta em perda de qualidade de vida para a população, seja pela poluição, pelo barulho excessivo do trânsito ou pela ampliação do risco de acidentes devido ao grande fluxo de veículos. Com nossa chegada à prefeitura, não pudemos nos manter distantes do problema. Reverter esse cenário, apesar do esmorecimento coletivo, continuava sendo um desejo geral. O tema, mais uma vez, esteve presente no debate eleitoral. Como nos comprometemos, com veemência, a enfrentá-lo, os ânimos reacenderam. Mas, era um projeto caro e a única alternativa para viabilizá-lo seria por intermédio de uma Parceria Público-Privada. E a proposta de concessão das rodovias paulistas, levada adiante pelo governador José Serra, foi a tábua de salvação.
No pacote de concessões, o anel viário de Piracicaba representa 8 km de pista dupla que prolongará a Rodovia do Açúcar, interligando a Fausto Santomauro (SP 127) e Laércio Corte (SP 147). Exigirá aporte de R$ 78 milhões e atenderá diariamente mais de 12 mil veículos. Para o Estado, trata-se da integração de artérias estratégicas para o escoamento da região. A extensão prevê a construção de pelo menos oito obras de arte, além de duas novas pontes sobre o Rio Piracicaba, que serão maiores que as do Mirante em extensão. O trecho será moderno, com monitoramento, operação de tráfego semelhante ao padrão da Rodovia dos Bandeirantes e sem pedágio em Piracicaba. O término está previsto para o final do primeiro semestre de 2013.
Além de o anel tirar caminhões, utilitários e ônibus que trafegam pela cidade, evitando a deterioração rápida das vias, vai dar velocidade ao transporte de mercadorias, ajudando os empresários da cidade a escoar mais rapidamente suas máquinas e equipamentos. Ou seja, vai alavancar os distritos industriais, bem como garantir o desenvolvimento do parque automotivo, que só está sendo possível graças a este grande traçado que melhora a logística da cidade. A obra vai servir também para disciplinar a instalação de novas indústrias em Piracicaba, cuja tendência de expansão é no seu entorno.
Enfim, um sonho de várias décadas que praticamente havia caído no limbo das promessas irrealizadas, ganha vida e traz oxigênio novo à cidade. Ganham Piracicaba e região. Mas ganham sobretudo os moradores do São Dimas, que terão redução significativa do tráfego de veículos que transitam pela avenida Centenário, contribuindo para os eventuais congestionamentos nas proximidades da nova ponte do Shopping. De parte do governo, temos apenas que agradecer a confiança da população, que apostou em um projeto de gestão pública realista, focada no desenvolvimento social e no bem estar coletivo, com geração de emprego e renda.

Barjas Negri é prefeito de Piracicaba

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