quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Educação especial, uma conquista da sociedade

A inserção de crianças, jovens e adultos com deficiências no ensino público e privado sempre foi um problema sério no Brasil. Em Piracicaba não era diferente. As escolas, em sua maioria, não têm estrutura física nem técnica para esse tipo de atendimento especializado. Faltam profissionais capacitados, faltam equipamentos adequados e, em muitos casos, falta interesse para enfrentar a questão e apresentar uma solução. No caso das crianças, por exemplo, limitações relativamente simples, na visão ou na audição, fazem com que elas percam anos de aprendizado, quando não a vida toda, por não serem aceitas pelas instituições de ensino.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 10% da população têm algum tipo de deficiência. Em Piracicaba estamos falando de quase 37 mil pessoas com dificuldades para se enquadrar a uma estrutura social que estava de costas para elas. A família com recursos supre essa carência de alguma forma. Mesmo assim, o enfrentamento não tem a amplitude necessária se a ação não for coletiva, o que só é possível quando várias famílias com o mesmo problema se reúnem para, juntas, encontrar alternativas viáveis, que podem ser compartilhadas. O que requer também o apoio do poder Público.
A ação coletiva para o trabalho social voluntário fez nascer na cidade entidades e associações de pais e amigos de pessoas com deficiências, como o Centro de Reabilitação, a Apae, a Passo a Passo, a Associação Síndrome de Down, a Avistar, a Associação de Pais e Amigos dos Autistas de Piracicaba (AUMA), dentre outras que alcançaram relativo sucesso em suas iniciativas. Digo relativo sucesso, porque mesmo essas unidades de atendimento especial que existem há décadas e desenvolvem trabalhos reconhecidos por toda a sociedade sempre passaram por momentos de apuro, quase encerrando suas atividades por falta de recursos.
Ciente dessa grave realidade, quando elaboramos nosso plano de governo estabelecemos diretrizes no sentido de colaborar para minimizar o drama dessas entidades e das famílias envolvidas, particularmente aquelas com menos recursos. Propusemos, então, a criação de um Núcleo de Inclusão, que funciona no Glebas Califórnia, onde professores capacitados atendem crianças com deficiência e lá encontram a estrutura adequada para as aulas complementares. Com isso, podem ser integradas ao Ensino Fundamental junto às demais crianças, em plena harmonia. Mudamos também os critérios de prioridades para a Educação Infantil. Hoje, as crianças que possuem necessidades especiais estão em primeiríssimo lugar para serem atendidas. Têm prioridade máxima.
Ampliamos parcerias com as entidades assistenciais e todas recebem algum tipo de subvenção do município e, com o Fundo Social de Solidariedade, realizam a Festas das Nações, uma boa fonte de receita para custeios. Paralelamente, temos investido na construção de sedes próprias, livrando essas entidades de prédios com estruturas inadequadas e do ônus do aluguel. Em 2009 entregamos um prédio construído especialmente para abrigar a Apae. Acabamos de entregar outra unidade à Passo a Passo. Vamos construir uma escola à AUMA. São ações concretas que mudaram completamente a realidade dos portadores de deficiências em Piracicaba, quando se trata de educação.
A Apae, por exemplo, gastava uma média de R$ 8 mil mensais só com aluguel. Era uma luta tremenda para se pagar o aluguel e demais custos. Todos os familiares e amigos se esforçavam bravamente vendendo pizzas e realizando almoços para cobrir as despesas fixas. No caso da Passo a Passo, a mesma coisa, e não havia ação entre amigos que desse conta de tamanha dificuldade. Hoje as duas entidades, Passo a Passo e Apae, têm sede própria e conseguem trabalhar tranquilas, se preocupando exclusivamente com aquilo que de fato precisam: a educação de seus alunos, para que eles possam levar uma vida integrada à sociedade.
Ainda há muito para se fazer, sem dúvida. Mas demos passos significativos no atendimento educacional às pessoas com necessidades especiais. Piracicaba se encontra em uma situação privilegiada em relação às demais cidades do Estado. O reforço da parceria da Prefeitura com as entidades assistenciais, somada à proposta da Secretaria da Educação para o atendimento aos portadores de deficiência têm dado resultados palpáveis, o que revela um governo sensível a essas demandas e que trabalha para harmonizar as diferenças sociais, visando o bem comum e para que todos possam ter uma vida digna.


Barjas Negri é prefeito de Piracicaba

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